O presidente do Banco da Amazônia (BASA), Luiz Lessa, esteve nesta segunda-feira (27) em Manaus para inaugurar duas novas unidades urbanas de microcrédito, localizadas na Avenida Senador Álvaro Maia, no Centro, e na Avenida Brasil, bairro Compensa I, respectivamente nas Zonas Sul e Oeste da capital amazonense.
As novas instalações ampliam a presença do programa BASA Acredita na capital e reforçam a estratégia de expansão do microcrédito na Amazônia, com foco na geração de emprego, renda e inclusão financeira.
Atualmente, o Banco da Amazônia soma R$ 54,2 milhões em investimentos em microcrédito no Amazonas, beneficiando mais de 15 mil empreendedores.
Em entrevista exclusiva à A Grande Maloca, o presidente falou sobre o papel da instituição na promoção do desenvolvimento sustentável da região, a estratégia de modernização do banco e os planos de expansão até 2028.
A Grande Maloca – Presidente, qual é o papel do Banco da Amazônia hoje na região Norte?
Luiz Lessa – O Banco da Amazônia tem um papel muito importante na região. É o braço de desenvolvimento do Governo Federal e representa cerca de 60% de todos os recursos aplicados na região Norte para o fomento econômico.
Grande parte desses recursos vem do Fundo Constitucional do Norte (FNO), mas o banco também opera com outras fontes, como o Fundo de Marinha Mercante, o Fundo de Desenvolvimento da Amazônia, o MDS, e até recursos internacionais de entidades multilaterais.
Temos um portfólio amplo de fundos, que aplicamos na região de forma a gerar desenvolvimento, emprego e renda.
AGM – O BASA atua em diversas frentes. Como o banco organiza essas linhas de negócio?
Luiz Lessa – Nós trabalhamos com três verticais de negócios.
O primeiro é o Banco de Fomento, responsável pelos financiamentos de investimento, Pronaf, microcrédito, infraestrutura e projetos que geram benefícios individuais e coletivos.
A segunda vertical é o Banco Comercial, que atua no dia a dia das empresas, oferecendo produtos e serviços bancários.
E a terceira, que será lançada em janeiro, é o Banco Digital, um banco completo, moderno e acessível, que vai ampliar nosso alcance.
AGM – Como o BASA estrutura suas ações para atender diferentes públicos?
Luiz Lessa – Dividimos nossos negócios em três camadas de atuação.
A primeira é a base da pirâmide, voltada para melhorar o CPF das pessoas, especialmente com microcrédito produtivo orientado e Pronaf. O diferencial é que não apenas concedemos o crédito — oferecemos orientação e acompanhamento, desde antes do microempreendedor tomar o recurso até a aplicação do dinheiro.
O mesmo vale para o Pronaf: garantimos assistência técnica, para que o produtor rural, por exemplo, aprenda novas técnicas de manejo sustentável, use bioadubos, biodefensivos e evite o uso de fogo nas plantações.
AGM – E quanto aos investimentos em infraestrutura? Como eles se conectam com esse trabalho de base?
Luiz Lessa – A infraestrutura é nossa segunda camada estratégica.
Financiamos obras que trazem benefícios coletivos e impulsionam o desenvolvimento.
Por exemplo: o Linhão Manaus–Boa Vista, o Linhão Parintins–Manaus e os projetos de saneamento em Manaus têm financiamento do Banco da Amazônia.
Acreditamos que infraestrutura e inclusão produtiva andam juntas.
Um pequeno produtor/coletador de açaí, por exemplo, precisa de energia para ter um freezer ou um batedor e agregar valor ao produto.
Quando o Basa, ajuda a levar energia até lá, estamos potencializando o trabalho dele e fortalecendo a economia local.
AGM – O senhor também mencionou o conceito de “Hub de Desenvolvimento”. O que isso significa na prática?
Luiz Lessa – É a terceira camada da nossa atuação.
O Hub de Desenvolvimento é uma estratégia para incentivar a agregação de valor às cadeias produtivas regionais.
Não adianta financiar só a produção primária — por exemplo, o grão de soja ou o milho.
Nós queremos fomentar agroindústrias, fábricas de ração, de etanol de milho, indústrias de fertilizantes.
Esses empreendimentos geram mais empregos diretos e indiretos, movimentam a economia local e criam uma cadeia de fornecimento contínua.
Assim, o desenvolvimento passa a ter efeito multiplicador.
AGM – Como o senhor avalia o impacto desse modelo no desenvolvimento sustentável da Amazônia?
Luiz Lessa – Quando combinamos a base da pirâmide, a infraestrutura e o hub de desenvolvimento, conseguimos cumprir nossa missão principal, que é promover o desenvolvimento sustentável da região Norte.
Isso gera emprego, renda e cria uma espiral de crescimento constante, onde um setor impulsiona o outro. É esse ciclo virtuoso que queremos ver consolidado.
AGM – E olhando para o futuro, aonde o BASA quer chegar sob sua gestão?
Luiz Lessa – Estamos fazendo uma reestruturação completa do banco, trazendo o BASA para a modernidade.
Investimos fortemente em transformação digital, no desenvolvimento de novos produtos e serviços, e na expansão da rede do BASA Acredita, dedicada ao microcrédito e ao empreendedorismo, pois sabemos da dificuldade que o pequeno empreendedor tem de entrar na rede tradicional de banco.
Hoje, atendemos cerca de 1,2 milhão de clientes, e a meta é chegar, nos próximos três anos, a quase 4 milhões.
Com a digitalização e a ampliação da rede física, vamos conseguir atender mais pessoas, com mais agilidade e mais impacto social.
Tudo isso reforça nosso compromisso com o desenvolvimento sustentável da Amazônia e a redução das desigualdades regionais.
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